sábado, 27 de outubro de 2007

O Belo


Por vezes algo inexplicável nos consome por dentro e achamos ter certezas absolutas;
Por vezes cremos no que nossos olhos acham verdade;
Por vezes nosso mundo, este imperfeito, mas a contento, remete-nos a considerar que estamos controlados;
Por vezes ainda decidimos fazer avanços, cujas consequências fogem nosso horizonte;

Verdade! Tu que és tão buscada que face tens?
Emergir problema não é, nem se pretende seja. Problema sim é faze-lo sem que factores externos sejam postos em cena, avaliados.
Tenho dito obedecer a princípios (ético-morais) a que me impus...bem o faço, diga-se de passagem!
Será, por ventura, menos verdade que nossa vivência tem cunho na busca incessante pelo Belo, arriscado, impossível?
Quantas não são nossas patrícias que buscam o lado B? B de Belo? Confesso, de Belo!
Nós mulheres, determinadas, destemidas, incansáveis, sacrificadas, sonhadoras acima de tudo, indo vamos a busca do melhor. Melhor para os nossos. Melhor para a causa julgada imperdível.
Justas, mais do que fiéis, leais, lés-a-lés caminhando para vencer. Vencer o quê? Acredito tenha ocorrido questionar-me?
Siga-me! Outro ano, 1979, estava eu nascendo para orgulho e satisfação dos meus. 1989 estava fazendo minha primeira década, aí as expectativas começaram crescendo ao meu tamanho. 1999 estava eu moça feita, estudante, com profundo interesse em política, envolta em causas sócio-humanitárias, activista ferrenha dos Direitos Humanos.
Hoje, caminhando para a terceira década, bem, casada, trabalhando no que acredito ser minha área de inclinação, vejo quão útil foi pautar pela busca do Belo. Belo esse que não pode associar-se a vícios. Falando nisto, tive hoje a oportunidade de palavrear com alguém que me escutava e dizia eu: não sou apologista da aliança da virtude com o vício. Imagine que em resposta obtive um Belo dizer: « a diferença é estar a associar várias virtudes a um vício» Elas, virtudes, camuflam o fumo...

Ivone Soares

(Pemba, Moçambique)

04: 55h AM-070227

23H40min

Diante do computador, deixo fluir meu pensamento, este que transcrevo...este que partilho! Depois de hora a fio labutando, finalmente inspiração chega para não deixar esta em branco!
Queria mesmo partilhar não só acções que levo a cabo faça sol ou venha a lua escaldar-me, mas também este particular momento em que me vejo inoperante, melhor...esta tranquila! Noite ainda menina...Será? Enquanto digito lá perco, francos, 5 minutos! Sonhando ainda não estou, mas quero esquecer-me, hoje, neste instante, de quão me importo com a perfeição, no fazer, no ser, no estar, no sentir...mas impossível é-me, assim sou, assim serei. Coerente, leal, depois e antes de tudo menina. Menina moça, moça mulher, mulher dona de mim, de mim escrava. Escrava? Porquê? Ainda lá não estou, estou sim diante de teclas, estas novas que me fazem esquecer minha letra, letra miúda que de caneta em punho tantas rabisquei...para os titios, mamã, amigos distantes, não distantes de mim, mas de meus negros olhos, estes que anseiam por um Moçambique melhor. Melhor para os meus, melhor pro Mundo...mundo refiro o do pé descalço. Aquele cheio de sonhos, esperança a abarrotar a alma, expectativas mil.

Exulta minh’alma, ardente, contributo dado. Sem fazer rumor, fantásticas idéias se me vão passando cabeça adentro...atormento-me, refresco-a e meus pensamentos atraem minha atenção. Nem me envergonho, transpareço o que vejo, o que penso, o que sinto...enfim, o que desejo! Confesso, tudo significar SAUDADE, somos todos diferentes, cada um com sua viagem, seu filme, mas em meu Ego sinto nunca dormir, me encontro desencontrada, com meus problemas, soluções a modo meu, abafando gritos de socorro. Ninguém me ouve, a ninguém digo, exagerada nos cuidados, mas quase bem. Bem com os meus, aqueles que já la foram, não mais ao sol, não mais a chuva, não mais entre nós...De tudo, socorro maior darias tu pai, Liberato Bernardo Soares. Sinto-te dia e noite, presente, quente, amigo, conselheiro nas noites turvas, guia meu quando entre muitos, só.

Ainda eu menina, projecto de adulta, lá estavas plantando o que hoje mamã vê. To pensando em ti, tenho o rosto confundido, te tenho vizinho.

Ivone Soares

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Meu tormento



Impedida pela razão humana

violo as regras do jogo?

Ao ver-te calmo, pulso firme

Invejo aquele volante…

Talvez esteja a ficar “CRAZY”

sinto que palavras faltam-me

quero da distância falar

quero nesta circunstância abordar

que algo forte por ti sinto

inexplicável…

Imersa num compasso de mágoa

marcado por não confessar?

Tua ausência desafia-me,

tu és meu tormento.


Ivone Soares

Desenlance


De branco e vermelho visitei-te

Cintura envolta em teus braços

Nós homem e mulher

Beijamo-nos ardentemente.

Marcante noite

Tarde retornei

Deliciando teu encanto

Exulto hoje… gravados instantes.

Exulta minh’alma…pertença tua.

A meu canto te fizeste

Noutros tempos te fizeste!

E amei aquele instante

Amei tua carne

Tua alma…toda entrega.

Instantes marcantes

Pudera eu (re)viver.

Este tempo conturbado

incendeia àquela: tua,

assim definiste.

Ivone Soares

domingo, 21 de outubro de 2007

País Mudo



País mudo! Este em que vivo

Se falo hoje, fico sem pernas.

Como falar? Calo-me?

Não, não me calo.

País mudo! Silenciar-me é-te fácil!?

Poder é todo teu…Chaves!!!

Temo por mim, lutando.

As portas fechas-me

Implorar-te não vou

Inteira estou e vou andando.

País mudo! Eu falo.

Pouco ou muito, falo.

Intimidar-me é vão

Mesmo nulo.

País mudo!

A todos falantes apagas…


(Dedicado à memória de Carlos Cardoso.)

Ivone Soares

Puzzle da Vida


Desculpas pedis-te

e eu t’as dei.

Mas depois sofrí

E não gostei.

Estive presente no teu passado

e bem sei que não te apercebeste

e agora por mais que tentes mudar

ainda compreendo-te

és pior que uma peste

A tudo indiferente

achando seres diferente

e magoando assim a gente inocente

Para se completar o Puzzle

nesta bamba da vida

urge ser cauteloso

e muito menos curioso.

Ivone Soares

Declaração d'Amor


Muito queria dizer-te

Inibida outra altura aguardava

Hoje longe de ti

Fraca vejo-me, mesmo impotente

e… soluçando pelos cantos

Tua presença meu coração inundava

Longe de mim este distanciamento

Atada, com tanto ardor

Nossas juras alimentam-me

Coabitei com a solidão

passei pela felicidade,

transparecer? … Distante!

Ah, meu amor!

Se pudesse!!

Recuava o tempo

E meu coração abria

Fiz tudo errado

Guardei meus sonhos

Hoje, talvez tarde,

meu sincero amor, declaro.


Ivone Soares

SEM TI


Frios dias vive

Sem sustento

Único tornará?

Vazia se tornou

Mesmo incompleta

Fizera juras

Amor e(x)terno

Quentificadas palavras

em incompreenções imersas

Instantes eternos

Sensações inapagáveis

Próprias, inigualáveis…mesmo indizíveis

Palavras soletra

Inspiração p’ra tudo dizer

Em eterno silêncio

Incompleta tornou.

Amor sem memória?

Infinitamente memorável.

Algures p’ra dar

Querendo… suculento.

Ivone Soares