domingo, 27 de janeiro de 2008

Vivemo-nos nas madrugadas


Enquanto o mundo dorme nós vivemo-nos
Enquanto o mundo repousa nós ardemo-nos
Enquanto o mundo cega-se nós olhamos um pro outro
Enquanto o mundo se despe nós redespimos nossos farrapos
Não nego que te quero como a mim
Não nego que te sinto... como ti quero!
Estás no meu caminho... assim queremos
Estás em mim... assim permaneces
Completo
Sereno
Feliz
Amando!
Sabes, neste instante...neste que me lês
tenho as luzes apagadas
madrugada doce
janelas abertas
capulana em mim
nada mais
e te sinto junto de mim
te sinto comigo
deitados neste quente espaço
neste nosso futuro de nós
Idéias doidas vou tendo
penso em vir destapar-te
penso sim
penso acordar-te
penso prazeirar-te
minhas mãos penso botar em ti
meus lábios penso dar-te
minha carne deixar-te tocar
tudo em mim a ti entregue
penso viver-te neste momento
penso em ti!
Digo-te mais
penso fazer-te sentir este brívido
tirar-te pra dançar nesta noite mágica
penso que vivemos nas madrugadas de nós
noite mágica... faça-o feliz!

Ivone Soares

8 comentários:

Scorpio disse...

capulanação sim. Mas não esquecer "message" de sabonete nos amarelo.

Ivone Soares disse...

Capulanada sempre no fim do dia...falta só o luar...

Nelson disse...

Uau!!!!
A magia das palavras.
Esse empurrão que dão à minha imaginação.
Nas palavras(próprias e alheias) aprendo a pensar, sentir e viver. Aprendo a existir..

Ivone Soares disse...

Que bom Nelson. Obrigada!Ivone

Avid disse...

Eh... nas madrugadas ta a magia de se ser...Feliz de quem a vive! Euzinha sou preguicosa demais pra issso... deixo-me acontecer. Coisas...
Bjs meus

Ivone Soares disse...

Diva e faz bem deixar-se acontecer...vive-se mais intensamente.
Bigada pela visita.
Bjhs

AGRY disse...

Já algum tempo que não a visito neste sua bela oficina de poesia.
Desta, deixo-lhe Eugénio de Andrade

Algumas Reflexões Sobre a Mulher

Elas são as mães:
rompem do inferno, furam a treva,
arrastando
os seus mantos na poeira das estrelas.

Animais sonâmbulos,
dormem nos rios, na raiz do pão.

Na vulva sombria
é onde fazem o lume:
ali têm casa.
Em segredo, escondem
o latir lancinante dos seus cães.

Nos olhos, o relâmpago
negro do frio.

Longamente bebem
o silencio
nas próprias mãos.

O olhar
desafia as aves:
o seu voo é mais fundo.

Sobre si se debruçam
a escutar
os passos do crepúsculo.

Despem-se ao espelho
para entrarem
nas águas da sombra.

É quando dançam que todos os caminhos
levam ao mar.

São elas que fabricam o mel,
o aroma do luar,
o branco da rosa.

Quando o galo canta
Desprendem-se
para serem orvalho.

Ivone Soares disse...

Agry, muito gentil. Obrigada.
Ivone.